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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Falando de Filme #10 - Letra e Música


Desde o engraçado "Afinado no Amor" (Com Adam Sandler e também Drew Barrymore), que eu não assistia há um bom tempo comédias românticas ou até mesmo filmes de outros gêneros que abordassem a temática da década de 80. Não só os costumes, os jeitos sociais e o modismo colorido da época... mas sim, o que ela tinha de mais contagiante: a musicalidade!

Hugh Grant (em um de seus melhores papéis) é Alex Fletcher, um dos vocalistas da extinta banda de rock chamada "Pop!", uma clara referência a tantas bandinhas de rock-pop que nasceram na década de 80. Acontece que hoje, Alex é um roqueiro em distinta decadência, que sobrevive fazendo shows em parques, quemerces e eventos para fãs nostálgicos, sempre cantando seus antigos hits. Qualquer semelhança com cantores de bandas também extintas daquela época, não é mera coincidência! (Inclusive, o personagem de Grant chega a mencionar REO Speedwagon e Debbie Gibson, uma bandaça e uma ótima cantora, respectivamente, que colecionavam sucessos oitentistas!). Mas o que muda em sua vida, é a oportunidade que ele recebe de compôr uma boa música para Cora Corman, uma diva pop que está estourando nas paradas, e que é uma fã confessa da antiga banda de Fletcher. O que é a chance de ouro para o roqueiro ascender de volta à mídia, é também o seu maior desafio: Alex Fletcher não compõe! Ou melhor, ele sempre foi um grande compositor de melodias mas escrever letras nunca foi o seu forte.


É então que surge Sophie Fisher (Drew Barrymore, demonstrando que é a nova Meg Ryan das comédias românticas atuais!), uma desajeitada jardineira responsável por "cuidar" das plantas de Alex. Sophie também tem um drama explorado aos pouquinhos no desenvolvimento do filme, em relação ao seu passado com um professor de literatura, mas embora esse draminha seja logo descartado, Barrymore consegue nos brindar com um jeito simples e divertido de uma moça simplesmente simples e divertida. E a graça do filme é justamente o envolvimento casual de Sophie e Alex, que logo se torna uma missão para ambos: compor com perfeição uma música com cara de sucesso para a estrelinha do momento Cora Corman.

E por falar em Corman (feita pela novata Haley Benett), a personagem é uma piada à parte; desfilando suas curvas sempre insinuantes, a musa pop bombardeia seus admiradores com letras fúteis e coreografias provocantes. É na verdade, uma escancarada sátira às Britneys Spears do show-business. A jovem atriz também merece elogios, já que consegue passar arrogância e prepotência sem nunca se tornar "a vilã" do filme. No final, percebemos isso claramente!


Está sempre óbvio, afinal, de que o grande vilão de "Letra e Música" é o mercado musical de hoje, que parece cada vez mais descartar artistas com talento, para transformar canções inspiradas e bonitas em hits vazios de grande apelo comercial e/ou sexual. "São as vendas de discos que interessam e não os sentimentos!". Diz em determinado momento Alex para Sophie. Uma triste realidade.

Bem dirigido e com um elenco afiado - destaco a espivitada irmã de Sophie, Rhonda Fisher, (feita pela competente Kristen Johnston) que em alguns momentos, consegue roubar claramente a cena -, o filme jamais se torna cansativo ou meloso (um risco sempre aparente em comédias românticas!), tornando qualquer sequência-clichê ingenuamente engraçada. É divertido e bem envolvente. E também não tem como eu dizer que "Letra e Música" é mais uma comédia romântica para mulheres. O filme agrada a todos os sexos e, acima de tudo, é uma grande homenagem às bandas oitentistas que por alguma razão - ou sem razão alguma! - sumiram do cenário musical.

PS: Impossível de não ouvir a música "Pop! Goes My Heart" e não ficar com o refrão na cabeça.

Um comentário:

  1. Assisti esse filme logo na ocasião do lançamento do DVD e revi recentemente. É um filme que simplesmente flui, sem cobrar nada ou impor nada a quem assiste, e quando nos damos conta nos descobrimos envolvidos com a história (engraçada e romântica).
    Sem mensurar técnica ou outros artifícios, é simplesmente cativante; e tornam-se inevitáveis as associação ao mundo da música, conforme você citou. Vale a pena assistir mesmo!
    Até, Marcel!

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