Há algum tempo não assistia uma obra tão forte e intensa quanto Um Crime Americano.  Não falo de cenas sangrentas ou sequências de morte. Mas falo daquilo  que pode ser o mais perturbardor que é a crueldade contra uma pessoa inocente e indefesa. Sylvia Likens conheceu esse verdadeito horror de frente e sofreu  todas as dores que a maldade humana poderia lhe causar, desde o  terror  psicológico às torturas físicas. E seu carrasco atendia por um nome  feminino e complicado: Gertrude Baniszewski.
O filme escrito e dirigido por Tommy O'Haver,  baseado em fatos reais ocorridos na década de 60 no estado de Indiana,  Estados Unidos, mostra de maneira direta e sem floreios, toda a tragédia  que envolveu as famílias Likens e Baniszewski... mais precisamente, a  jovem Sylvia Likens e sua irmã mais nova, Jenny Likens.
Depois  de serem deixadas pelos próprios pais, por algumas semanas,  aos  "cuidados" de uma senhora aparentemente regrada, Sylvia e Jenny começam a  perceber o controle rígido e obcecado que Gertrude Baniszewski exercia  sobre seus filhos. Mas é curioso percebermos o comportamento dúbio dessa  mãe de seis crianças; Gertrude é capaz de frequentar a igreja  assiduamente, se relacionar de maneira amistosa com o Reverendo e com a  vizinhança, e parece sempre pronta para ser prestativa para quem quer  que seja. No entanto, toda essa "simpatia" esconde uma dona de casa  frustrada, emocionalmente descontrolada e, algumas vezes, até vulgar,  chegando assediar rapidamente o pai de Sylvia e Jenny e se insinuando  até mesmo para Ricky, um garoto retraído que parecia só ter 15 anos de  idade. Não demora muito para Gertrude exibir todo a sua violência,  colocando como "desculpa" para suas atrocidades, o senso protecionista  que possuía para com seus filhos! Se no princípio, achamos que ela era  rígida e autoritária com quem fosse para manter a imagem imaculada de  sua família, logo a vemos se transformar num monstro cruel e sem nenhuma  intensão de separar mais o que era o certo e errado. Pode ser que o  único momento de reflexão mais nítido que aquela maldosa mulher teve  perante os atos absurdos que fazia, foi durante um rápido desabafo  dentro do porão enquanto esfregava um pano umedecido no rosto de sua  vítima... mas nesse minuto, por tudo que já havia feito com a menina  Sylvia, era tarde demais para qualquer tipo de arrependimento.
O  filme é implacável nas cenas de punição e castigo que Gertrude  Baniszewski realizava. Nada é mostrado explicitamente, mas apenas as  imagens sugestivas que uma ponta de cigarro, um ferro em brasa ou uma  garrafa de coca cola pode causar, são perplexamente chocantes e é algo  que nos perturba profundamente. Sylvia Likens foi massacrada, humilhada e  colocada como um animal para apenas servir como bode expiatório ou uma  terrível amostra do que aquela mulher insana, que se dizia dona de casa,  faria com quem saísse de seu controle. E é dolorosamente triste e  penoso testemunharmos pessoas de fora, como os vizinhos que ouviam os  gritos mas preferiam ser omissos ou os perversos jovens que iam até o  porão para humilhar ainda mais Sylvia, sendo manipulados pelas ações e  atitudes que aquela louca e maligna mulher causou contra um único ser  humano.
Mas Um Crime Americano  certamente não teria o impacto que teve se não tivesse duas atrizes  poderosas interpretando as duas personagens principais. É claro que a  atriz Ary Graynor,  que fez Paula Baniszewski, a filha mais velha de Gertrude e talvez as  outras crianças tenham colaborado para a força do filme, mas é realmente Catherine Keener (de O Virgem de 40 Anos ) fazendo Getrude Baniszewski e Ellen Page  (de Juno) como Sylvia Likens, que carregam com toda a força o filme em seu mais alto teor de tensão e angústia. Mesmo que Catherine Keener  faça de Gertrude uma mulher desequilibrada, cruel e completamente má, a  talentosa atriz também nos passa - por mais sutil que seja! - elementos  humanos na vilã, como sua constante tosse provocada pelas crises de  asma que sofria e durante aquele tortuoso desabafo no porão. E Ellen Page está muio talentosa, tranformando Sylvia num ser frágil, aquebrantado e sofrido, que  mesmo por um leve sorriso ou por um olhar mais terno, nos faz acreditar  plenamente que aquela menina tão ingênua e simples, tinha uma alma  bondosa e pura que foi completa e covardemente destroçada.
E  pra mim, é revoltante saber que, mesmo de maneira primária e  irracional, as crianças que entraram naquele porão e os vizinhos que se  omitiram em chamar a polícia, colaboraram direta e indiretamente com  toda aquela perversão e, no final de tudo, também foram coniventes com  todo o crime praticado naquela casa!
PS: Há, no filme, uma rápida participação do competente ator James Franco.

Vou seguir tua dica,Marcel.
ResponderExcluirNem sabia desse filme,com tanta informação fiquei curiosa para ver.
Obrigada pela dica.
Bjka
Vc falou tudo Marcel, o filme não tem floreiros é direto em cada ação, é triste, é cruel e certo ponto pertubador. Quando termina o filme ficamos realmente com a sensação de revolta, "nossa, isso realmente aconteceu".
ResponderExcluirSó está faltando o pessoal da APC aparecer por aqui, rsrs.
Grande abraço
Epa!Mais um filem que eu ainda não assisti e que me deixa com uma curiosidade absurda. Vou catar esse!
ResponderExcluirQuando vi o comentário já havia sido enviado. Consertando: 'mais um FILME'...
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