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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Charles Chaplin


O HOMEM e o ARTISTA:

Sir Charles Spencer Chaplin Jr., (nascido em Londres, 16 de Abril de 1889 e falecido em 24 de Dezembro de 1977), mais conhecido como Charlie Chaplin, foi um ator, diretor, produtor, roteirista, dançarino, dublê, cantor, compositor e músico britânico (tocava piano, violino, clarinete e violoncelo). Chaplin foi um dos artistas mais famosos e completos do período conhecido como "A Era de Ouro do Cinema Americano".

Além de atuar, Chaplin dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente compôs as trilhas sonoras de praticamente todos os seus filmes, tornando-se uma das personalidades mais criativas e influentes do cinema mudo. Chaplin foi fortemente influenciado por um antecessor, o comediante francês Max Linder, a quem ele dedicou um de seus filmes. Sua carreira no ramo do entretenimento durou mais de 75 anos, desde suas primeiras atuações quando ainda era criança nos teatros do Reino Unido durante a Era Vitoriana, quase até sua morte aos 88 anos de idade. Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D.W. Griffith, Chaplin fundou a United Artists em 1919, um dos estúdios mais lucrativos e conhecidos do Cinema Mundial.

Em 2008, em uma resenha do livro Chaplin: A Life, o escritor Martin Sieff revela: "Chaplin não foi apenas 'grande', ele foi gigantesco. Em 1915, ele ressucitou um mundo dilacerado pela guerra trazendo o dom da comédia, risos e alívio enquanto ele próprio estava se dividindo ao meio pela Primeira Guerra Mundial e pela crise da Grande Depressão. Durante os próximos 25 anos, através da Segunda Grande Guerra e da ascensão de Hitler, ele lutou para permanecer naquilo que ele mais gostava: no Cinema. Chaplin foi maior do que qualquer outro artista. É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado mais entretenimento, prazer e alegria para tantos seres humanos quando eles mais precisavam."

Por sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Charles Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelo governos britânico (ganhou o reconhecimento de "Cavaleiro do Império Britânico", adotando o termo imperial Sir antes do nome) e do governo francês (sendo também reconhecido pela "Légion d 'Honneur", uma condecoração aos mais ilustres e honrados artistas do planeta), também pela conceituada Universidade de Oxford (onde se tornou um "Doutor Honoris Causa") e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (onde finalmente, ganhou um Oscar especial por todo o conjunto de sua obra, em 1972).

Seu principal e mais conhecido personagem é conhecido como Carlitos, O Vagabundo ("The Tramp", nos EUA), um andarilho pobretão que apesar de não ter moradia e passar fome, possui todas as maneiras refinadas, a bondade e a dignidade de um cavalheiro, usando um fraque preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-côco, uma bengala de bambu e - sua marca pessoal - um pequeno bigodinho quadrado.

Chaplin foi uma das personalidades mais criativas que atravessou a era do cinema mudo; atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes. Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshevsky.

Era tido como um gênio, não só artístico como humanitário, já se impondo em causas e campanhas sociais. Metade da arrecadação de seus filmes, eram investidos em hospitais, asilos e orfanatos.

SUAS OBRAS-PRIMAS:

Apesar dos filmes "falados" tornarem-se o modelo dominante logo após serem introduzidos em 1927, Chaplin resistiu a fazer um filme assim durante toda a década de 1930. Ele considerava o cinema uma arte essencialmente pantomímica (feita por expressões e gestos). Ele disse, uma vez: "A ação é geralmente mais entendida do que as palavras. Assim como o simbolismo chinês, isto vai significar coisas diferentes de acordo com a sua conotação cênica. Ouça uma descrição de algum objeto estranho — um javali-africano, por exemplo; depois olhe para uma foto do animal e veja como você fica surpreso".

Durante o avanço dos filmes sonoros, Chaplin produziu Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos (1936), antes de se converter ao cinema "falado". Esses filmes foram essencialmente mudos, porém possuiam música sincronizada e efeitos sonoros. Indiscutivelmente, Luzes da Cidade contém o mais perfeito equilíbrio entre comédia e sentimentalismo; em relação à última cena, o crítico James Agee escreveu na revista Life em 1949 que foi a "a mais tocante atuação já registrada em celulóide". Cinco anos depois, Tempos Modernos é realizado por Chaplin, e é o primeiro a conter falas — geralmente provenientes de objetos inanimados, como rádios ou monitores de TV. Isto foi feito para ajudar o público da década de 1930, que já estava fora do hábito de assistir a filmes sem sons. Além disso, Tempos Modernos foi o primeiro filme em que a voz de Chaplin é ouvida (no final do filme, a canção "Smile", composta e cantada pelo próprio Chaplin num dueto com Paulette Goddard, é perfeitamente ouvida). No entanto, para a maioria dos espectadores, este ainda é considerado um filme mudo — e o fim de uma era.

O primeiro filme realmente falado de Chaplin, é O Grande Ditador (1940), realizado como um ato de rebeldia contra o ditador alemão Adolf Hitler e o Nazismo, e foi lançado nos Estados Unidos um ano antes do país abandonar sua política de neutralidade e entrar na Segunda Guerra Mundial. Chaplin interpretou o papel de Adenoid Hynkel, ditador da "Tomânia", claramente baseado em Hitler e, atuando pela primeira vez em um papel duplo, também interpretou um barbeiro judeu perseguido frequentemente por nazistas, o qual é fisicamente semelhante ao seu eterno vagabundo Carlitos. O filme também contou com a participação de um outro comediante, o ator Jack Oakie, no papel de Benzino Napaloni, ditador da "Bactéria", uma sátira do ditador italiano Benito Mussolini e do Fascismo; e de Paulette Goddard, no papel de uma mulher sofrida, porém valente, no gueto judeu. O filme foi visto como um ato de coragem no ambiente político da época, tanto pela sua ridicularização do nazismo quanto pela representação de personagens judeus ostensivos e de sua perseguição. É até hoje, algo raro, ousado e inédito na História do Cinema... em pleno período de Guerra, Chaplin praticamente debocha do maior Ditador do Planeta e todo o mundo assiste! Mais do que justo, O Grande Ditador foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator (Chaplin), Melhor Ator Coadjuvante (Oakie), Melhor Trilha Sonora (Meredith Willson) e Melhor Roteiro Original (Chaplin).

SEU FIM:

A saúde de Chaplin começou a declinar lentamente no final da década de 1960, após a conclusão do filme A Countess from Hong Kong, e mais rapidamente após receber seu Oscar Homorário em 1972. Por volta de 1977, ele já tinha dificuldade para falar, e começou a usar uma cadeira de rodas. Chaplin morreu dormindo aos 88 anos de idade em conseqüência de um derranme cerebral, no Dia 25 de Dezembro, em plena noite de de Natal de 1977 em Corsier-sur-Vevey, Vaud, Suiça e foi enterrado no cemitério comunal. Foi casado 4 vezes e teve 11 filhos. Em 1991, Oona O'Neill, sua quarta e última esposa, faleceu e foi sepultada ao lado do cineasta.

SEU LEGADO e as CURIOSIDADES:
  • O Vagabundo é provavelmente o personagem mais imitado em todos os níveis de entretenimento. Há rumores de que o próprio Chaplin participou uma vez de um concurso de imitadores de Charlie Chaplin, e acabou ficando em 3º lugar.
  • Além de uma saudável rivalidade profissional, Charles Chaplin e o comediante Buster Keaton pensavam muito um no outro. Keaton afirmou em sua autobiografia que Chaplin foi o maior comediante que já viveu, e o maior diretor de filmes de comédia. Chaplin também admirava Keaton, tanto que o recebeu de braços abertos na United Artistis em 1925, aconselhou-o ir contra sua mudança desastrosa para a Metro-Goldwyn-Mayer em 1928 e, em seu último filme estadunidense, Limelight, escreveu uma parte especialmente para Keaton como seu primeiro parceiro de comédia desde 1915.
  • Todos os personagens humorísticos criados pelo comediante mexicano Roberto Bolaños, o criador de Chaves, Chapolin, Dr. Chapatin, possuem as iniciais "CH" como homenagem à Charles Chaplin.
  • No filme indiano Punnagai Mannan, o ator indiano Kamal Haasan inspirou-se em Chaplin para construir o personagem "Chaplin Chellappa".
  • Em 1985, Chaplin foi homenageado com sua imagem em um selo postal do Reino Unido, e em 1994 ele apareceu em um selo dos Estados Unidos, desenhado por caricaturista Al Hirschfeld.
  • Na década de 1980, a IBM produziu uma série de comerciais com um imitador de Chaplin para divulgação de seus computadores.
  • O asteróide 3623 Chaplin, descoberto pela astrônoma soviética Lyudmila Georgievna Karachkina em 1981, foi batizado em homenagem a Chaplin.
  • Em 1992, foi feito um filme sobre a vida de Charlie Chaplin, intitulado Chaplin, dirigido por Richard Attenborough e estrelado por Robert Downey Jr. e Geraldine Chaplin, a filha de Chaplin na vida real, interpretando sua própria avó. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Ator (Downey Jr.), Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora.
  • Os últimos dois filmes de Chaplin foram produzidos em Londres: A King in New York (1957) no qual ele atuou, escreveu, dirigiu e produziu; e A Countess from Hong Kong (1967), que ele dirigiu, produziu e escreveu.
  • Muitos não sabem, mas o último filme de Chaplin foi estrelado por Sophia Loren e Marlon Brando, e Chaplin fez apenas uma pequena participação no papel de um mordomo.
  • Ele também compôs a trilha sonora de ambos os filmes, assim como a canção-tema de A Countess from Hong Kong, "This is My Song", cantada por Petula Clark, chegando a ser a canção mais popular do Reino Unido na época do lançamento do filme.
  • Durante seus anos ativos como cineasta, Chaplin expressava certa indiferença pelos Oscars; seu filho descreve que ele provocou a ira da Academia ao deixar seu Oscar de 1929 ao lado da porta, para não deixá-la bater. Isto talvez explique porque Luzes da Cidade e Tempos Modernos, considerados por várias enquetes como dois dos melhores filmes de todos os tempos, nunca foram indicados à um único Oscar.
  • Depois de ter sido exilado na Suíça, após a cruel perseguição McCartista que colocou muitos diretores e atores na lista negra de Hollywood por vínculos anti-capitalistas, Chaplin só retornou aos EUA nos últimos anos de sua vida, para receber o seu Oscar pelo conjunto de toda a obra que construiu em função da Sétima Arte... e num dos discursos mais bonitos e tocantes da História da Academia, Sir Charles Chaplin disse emocionado: "Eu nunca quis sair dessa terra que tanto trabalhei e que me ajudou a ser um grande artista. Fui obrigado a me retirar por questões políticas que não aceitavam explicações. Mas sinto-me hoje orgulhoso, emocionado, glorificado, com os olhos cheios de lágrimas e com o coração batendo mais forte por ver que vocês me recebem de braços abertos e me dão uma chance de provar que jamais os esqueci. Afinal, meus filmes não foram feitos só por mim, mas por todos vocês...!"
ABAIXO, UMA SEQUÊNCIA MAGNÍFICA DE TEMPOS MODERNOS (sobre a mecanização humana no trabalho, a exploração das grandes fábricas e o uso das novas máquinas enaltecidas pela Revolução Industrial):


*Charles Chaplin é a oitava imagem no título deste Blog!

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