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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Falando de Filme #6 - Coraline e o Mundo Secreto


Atualmente os desenhos animados avançaram por um campo muito rico que é o da tecnologia da animação. Praticamente, vemos produções da Pixar, da Dreamworks e da Disney arrebatarem prêmios por suas mirabolantes e perfeitas técnicas visuais. A narrativa também é outra área muito bem explorada hoje em dia, com roteiros minuciosamente bem trabalhados, e diálogos e situações que nos remete à filmes cinematográficos. Apenas um único elemento essas grandes empresas de animação possuem em comum: o seu público alvo. Embora, alguns desenhos trate de temas mais avançados e elaborados que jovens e adultos se apegam, o tom e o clima de humor infantil continua lá... irretocável com a presença de seres engraçadinhos, bichinhos tresloucados e personagens cômicos. Todos, em sua maioria, voltados exclusivamente para as crianças! Mas é difícil - e até RARO - uma produção animada numa técnica bem mais pueril que é a do stop motion com massinhas, conseguir ser completamente envolvente de maneira séria e adulta. E Coraline e O Mundo Secreto ("Coraline", 2009) é exatamente assim!

De Henry Sellick, o mesmo diretor do inovador O Estranho Mundo de Jack e do carismático James e o Pêssego Gigante, e à partir dos contos de Neil Gaiman, autor de famosas Histórias em Quadrinhos e Livros, Coraline e O Mundo Secreto possui as mesmas características visuais de seus antecessores (personagens esticados, visual alegórico e tom sombrio) numa história totalmente reflexiva e, até em alguns pontos, assustadora! Utilizando a charmosa técnica da animação quadro a quadro com massas de modelar e cenários feitos em maquetes, Coraline já quebra qualquer convenção dos desenhos animados em agradar criancinhas logo em suas cenas iniciais, quando exibe em sua abertura, uma mão medonha de ferro costurando os olhos e as bocas de bonequinhos de pano, de uma maneira bem agressiva e impactante. Quero dizer, para alguns... já que muitos jovens e adultos devem achar a sequência inicial até comum. O curioso é começarmos a compreender - aos poucos! - a história sombria, melancólica e falsamente feliz de Coraline. Assim que se muda com seus pais para um local aparentemente calmo, mas que sempre chove muito, a menina (que aparenta uns 9 ou 10 anos, mas que o roteiro nunca revela) conhece logo o inquieto Wybie, um garoto meio nerd que adora andar de bicicleta com suas estranhas máscaras artesanais. Aparentando também ter a mesma idade da pequena e espivitada Coraline Jones, o garoto a entrega uma bonequinha de pano com olhos de botões que chama a atenção da menina, mas que será apenas um pequeno elemento de uma trama muito mais elaborada e espantosa. E o "espantosa" aqui, não é só um termo de surpresa, mas sim de espanto mesmo, de terror, já que quando conhecemos a real história dos "outros pais" de Coraline e da realidade do tal "Mundo Secreto" do título, começamos a perceber que a vida da protagonista e de seus verdadeiros pais, podem estar correndo perigo, assim como a vida do vizinho acrobata e das vizinhas ex-vedetes.

Muito bem escrito, com passagens até filosóficas narrativa e visualmente, Henry Sellick demonstra um total domínio em sua direção, conseguindo nos fazer refletir em um simples sorriso forçado de determinado personagem, como num bem construído diálogo entre Coraline e sua "outra mãe". Reparem, por exemplo, no visual aterrorizante quando esta se revela para a menina num momento crucial do enredo, ou então no inusitado cortador de grama do "outro pai" que, se num momento da história se apresenta como uma ferramenta divertida e engraçada, em outro, se mostra como uma assustadora e mortífera máquina destruidora. Aliás, são nessas pequenas sutilezas e nos ricos detalhes escondidos em cada canto de Coraline, que Henry Sellick consegue montar com muito brilhantismo uma produção de encher os olhos... e a mente! E acredito com toda a certeza que muitas crianças podem não entender o ritmo da história e muito menos se adaptar ao estranho e sombrio mundo apresentado pelo diretor, mas arrisco em dizer que jovens mais maduros e adultos já habituados às produções mais fechadas de animação, vão adorar! Com uma leve inspiração em Alice no País das Maravilhas, Coraline, magistralmente, joga todo aquele conceito de um mundo fantástico descoberto pelos olhos de uma criança num caldeirão maquiavélico e subliminarmente reflexivo.

E é de se admirar que a técnica do stop motion de massinhas, que é uma habilidade já consagrada pelo clássico Wallace e Gromit, e que sempre serviu para nos contar histórias animadas com diversão e leveza, seja aqui utilizada para nos revelar uma rica trama de falsidade, domínio emocional e superação pessoal.

PS: Infantil mesmo, só o rostinho dos bonecos.

6 comentários:

  1. http://andreasdeja.blogspot.com/
    http://jeffordsart.blogspot.com/
    http://tobyshelton.blogspot.com/

    Ei Marcelzão, dá uma olhada nesses 3 links aí que eles são de desenhistas que fazem parte da nova safra de desenhos animados e nesses blogs dá pra vc ver os desenhos de produção e os rascunhos, se vc gostasr eu sigo mais uns 10 blogs desses e te passo os links!

    Ah... Bela postagem meu amigo!

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  2. Eu simplesmente amo animações de todo tipo, e concordo com você que embora o público alvo pareça ser infantil, as maiores reflexões somente um adulto pode fazer. O que me fascina de verdade é a construção de cada personagem, a composição dramática e a construção física mesmo (massinha com animação quadro a quadro ou as técnicas mais modernas) um objeto puro e simples que ganha movimento, personalidade e emoções. Ótimo texto, não assisti o filme que você comentou, mas suas considerações são comuns aos bons filmes de animação que já vi! Abç.

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  3. Esse longa é sensacional! Aparentemente infantil (como a maioria dos desenhos), torna-se uma grata surpresa à qualquer adulto que goste de boas histórias e goste de animação.

    Deu vontade de rever...

    Ah! Meu sobrinho morre de medo. Na primeira vez em que começou a assistir, não passou da cena inicial (onde a mão costura os bonecos); e depois disso nunca mais quis ver. - rsrsrs

    Até, Marcel.

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  4. Sou fã do Neil Gaiman desde 91, Marcel, uando comprei meio sem vontade o Sandman 26 (pra minha sorte, fazendo parte da saga Estação das Brumas, considerada por muitos a melhor do Lorde dos Sonhos).
    Esta magnífica animação eu assistia um tempo atrás e achei incrível, uma espécie de Alice no País das Maravilhas contemporâneo e muito mais assustador.
    Achei o livro num sebo e o comprei; algumas frases são ótimas,como quando o Gato que explica que não precisa de nome.
    Outra animação em stop motion que eu indico é o Fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson, baseado no livro de Roald Dahl.
    Abraços e parabéns pela ótima resenha.

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  5. Eu vi Coraline e adorei!
    É bem sombrio mesmo e cativa por isso. Me surpreendi bastante com ele, já que pensei que fosse ser mais um filme bobinho para as crias de hoje.
    Boa resenha!
    Abraço Marcel ;D

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  6. gente segue e visita o meu blog da coraline por favor?

    http://coraline-e.blogspot.com/

    obrigada

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