O sol mal raiou e o rádio-relógio toca os acordes iniciais de "Stairway To Heaven". Ele se levanta perguntando porque realmente precisa fazer isso. Todo dia, sempre a mesma coisa. Nada lhe parece real. Apenas a dor. A dor faz algum sentido. Talvez por isso, o mundo seja uma experiência catastrófica: muito sofrimento desnecessário para afirmar uma existência, a busca por razões vazias. o descontrole, a destemperança, tudo misturado com pólvora num caldeirão global de água fervente.
Sentado na cama olhando os prédios que bloqueiam a passagem dos primeiros raios de sol, ele se sente minúsculo. A imensidão é outra irrealidade. Os homens têm fome de desbravar, conquistar, erigir, modificar. Naturalmente o fazem com o intuito de não pensar em mais nada durante sua jornada. Isto evita que ele olhe para dentro de si e se assuste com o que enxerga. Ou perceba que não tem controle sobre nada. O que seria muito pior para o seu ego sensível.
Ele se levanta, preguiçosamente. Calça os chinelos e caminha em direção ao banheiro. A tecnologia evolui mais rapidamente do que ele consegue aprender. O barbeador elétrico que ganhou da noiva, no dia dos namorados, não liga de maneira nenhuma. Tem tantas funções impressionantes que até se esqueceram de fazer a mais importante: a de barbear. Ele pensa em como tudo isso é inútil. Seria mais feliz barbudo. Mas o mercado das aparências não permite. Não permite porque tem de movimentar o comércio das tecnologias, das estéticas e até do amor.
Quem precisa de um dia específico para o amor? O dinheiro, claro. As pessoas vivem por ele, e não dele. Não estão nunca satisfeitas com o que tem. Precisam sempre de mais. Dinheiro é droga. Devia ser combatido como fazem com a maconha e a cocaína.
Entra no box para uma chuveirada fria. Pensa em como seria bom não ter mais consciência, não tomar ciência do que ocorre em sua volta. O banho acaba. Ele se enxuga, se veste e de súbito esmurra com muita violência a porta de vidro do box, que se parte em uma miríade de pedaços manchados de sangue.
Jorge Alexandre Schubach - Jornalista, Amigo e um Poeta da Dor
Sentado na cama olhando os prédios que bloqueiam a passagem dos primeiros raios de sol, ele se sente minúsculo. A imensidão é outra irrealidade. Os homens têm fome de desbravar, conquistar, erigir, modificar. Naturalmente o fazem com o intuito de não pensar em mais nada durante sua jornada. Isto evita que ele olhe para dentro de si e se assuste com o que enxerga. Ou perceba que não tem controle sobre nada. O que seria muito pior para o seu ego sensível.
Ele se levanta, preguiçosamente. Calça os chinelos e caminha em direção ao banheiro. A tecnologia evolui mais rapidamente do que ele consegue aprender. O barbeador elétrico que ganhou da noiva, no dia dos namorados, não liga de maneira nenhuma. Tem tantas funções impressionantes que até se esqueceram de fazer a mais importante: a de barbear. Ele pensa em como tudo isso é inútil. Seria mais feliz barbudo. Mas o mercado das aparências não permite. Não permite porque tem de movimentar o comércio das tecnologias, das estéticas e até do amor.
Quem precisa de um dia específico para o amor? O dinheiro, claro. As pessoas vivem por ele, e não dele. Não estão nunca satisfeitas com o que tem. Precisam sempre de mais. Dinheiro é droga. Devia ser combatido como fazem com a maconha e a cocaína.
Entra no box para uma chuveirada fria. Pensa em como seria bom não ter mais consciência, não tomar ciência do que ocorre em sua volta. O banho acaba. Ele se enxuga, se veste e de súbito esmurra com muita violência a porta de vidro do box, que se parte em uma miríade de pedaços manchados de sangue.
Jorge Alexandre Schubach - Jornalista, Amigo e um Poeta da Dor
Parabéns, ótimos post's... gostei do blog.
ResponderExcluirEstou te seguindo, se for possivel a retribuição.
http://enganaador.blogspot.com
Perfeita exemplificação da solidão moderna e das sensações que a acompanham.
ResponderExcluirMagnífico texto!
Marcel, Há momentos em nossas vidas
ResponderExcluirEm que o mundo parece estar parado.
Tudo parece estar distante de nós.
Ou quem sabe, nós parecemos estar distantes de tudo.
Enfim, adorei o texto que vc compartilhou conosco.
Abraços meu querido e tenha uma Ótima Quinta.
Gostei do texto.
ResponderExcluirUm tanto quanto melancólico mas real. O melhor é a musica que ele escuta ao acordar.
Beijo