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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Instinto Selvagem


O ano era 1992. O cinema já havia produzido vários suspenses de qualidade e outras obras eróticas bastante renomadas. Mas essa inusitada mistura entre os dois gêneros nunca havia sido elevada a uma potência tão extrema... e, o mais importante, a uma competência tão bem elaborada!

(Michael Douglas e Sharon Stone em uma química altamente instigante!)

"Instinto Selvagem" (Basic Instinct) é um filme que já deixa claro, logo em sua primeira cena, que não é pra todo tipo de público; se você se impressiona fácil com violência ou se sente meio incomodado com cenas picantes de sexo, essa obra já coloca como cartão de visita esses dois elementos de cara, afinal, o filme abre com uma sequência onde vemos um homem fazendo sexo com uma loira em cima de uma cama, e enquanto a transa acontece, ela vai amarrando os pulsos dele na cabiceira o deixando imóvel e então, surpreendentemente, ela tira debaixo do lençol um picador de gelo e perfura o cara inteiro, em closes bem visíveis! A sequência é forte... e maravilhosamente bem feita!!! Em todo o momento na cena, a gente consegue ver o rosto do homem, mas não a da mulher, que está com o cabelo caído em frente ao rosto, o que gera uma angústia no espectador logo de início, pois ficamos bastante intrigados para saber quem fez aquilo com o cara. Minutos depois, somos apresentados ao policial Nick - que possui um passado conturbado por ter sido alcóolatra, usuário de drogas, e que está agora em recuperação... e será justamente ele o responsável por investigar o caso. Ou seja, "Instinto Selvagem" é o tipo de filme que não possui personagens certinhos, bonzinhos ou que caminham maniqueistamente na linha do bem ou na linha do mal; são todos muito ambíguos, dúbios, e é isso que mantém a história pulsando e elevando cada vez mais o interesse do espectador em saber quem é que vai se dar mal ali.

(O policial Nick faz as últimas interrogações para a escritora Tramell, na imponente varanda da mansão dela)

A direção do holandês Paul Verhoeven (do primeiro "Robocop", e que estava no auge, naquela época) é vigorosa, atraente, e não poupa os detalhes. Por mais que vemos cenários grandiosos, paisagens bonitas, uma fotografia muito competente de Jan De Bont e um clima de misterioso "glamour" no ar, o cineasta faz questão de nos impactar com as cenas de mortes e, principalmente, com o erotismo desenfreado entre dois personagens que parecem não conhecer limites... e que aqui, nessa trama, é tudo muito relevante. Aliás, é a trama de "Instinto Selvagem" que merece mesmo todos os elogios, afinal, um tipo de filme assim, causaria polêmica por demonstrar vários aspectos pesados para um filme até então comercial, mas o roteiro é muito inteligente, prioriza os personagens e não mostra nada de forma gratuita. Se existe aquela famosa - e explícita! - cruzada de pernas de Catherine Tramell (personagem de Sharon Stone), é porque sua intensão não só é ludibriar e desviar a atenção dos policiais que a interrogam, como é mostrar também que é uma mulher que está no controle da situação e que por mais suspeita que possa parecer do crime, ela domina psicologicamente os homens à sua volta e mostra que se não teme em fazer aquilo diante de oficiais da lei, é porque ela não teme em ser presa... logo, ela se mostra segura e confiante pra eles, como uma pessoa que realmente é inocente e não culpada de assassinato. Uma sagacidade espantosa do roteiro! E os diálogos entre todos os personagens, em especial para a dupla de protagonistas feita por Stone e Douglas, merece toda a atenção possível. O casal brilha em cena, seus personagens parecem soltar "faíscas" quando estão juntos e se o sempre competente Michael Douglas já vinha de um Oscar por seu excelente trabalho em "Walt Street - Poder e Cobiça", Sharon Stone foi aqui jogada instantaneamente para o estrelato, com uma personagem misteriosa, fatal, sedutora e dona de uma personalidade altamente provocante, e que nas mãos hábeis de um inspirado diretor como Verhoeven, a atriz ganhou seu melhor presente com sua melhor personagem!

(A cruzada de pernas mais famosa do cinema!)

O filme foi merecidamente um sucesso de bilheteria, a fotografia de Jan De Bont (que dois anos mais tarde dirigiria "Velocidade Máxima" e mais dois anos depois "Twister") criou aqui, uma pasteurização de cores neutras, sóbrias, mas que misturadas a um brilho e uma iluminação forte de algumas cenas, nos atinge em cheio. A trilha sonora então, é um dos grandes trabalhos do mestre Jerry Goldsmith (responsável pelo tema de Rambo, Poltergheist e tantos outros sucessos) que nos envolve ainda mais no clima das cenas e, claro, a direção certeira de Paul Verhoeven aliado ao roteiro muito bem trabalho por Joe Eszterhas, que respeita a inteligência do público criando um suspense gradativamente interessante, com reviravoltas coerentes e um nível de tensão que nunca soa gratuito.

(O picador de gelo: uma verdadeira arma as mãos dela!)

Enfim, um dos grandes filmes dos anos 90 que merece ser visto com atenção e entender o porquê Sharon Stone virou uma estrela da noite pro dia... afinal, ela não só pegou uma personagem bem construída, mas trabalhou uma performance corajosa, ousada e digna de aplausos. Infelizmente, sua continuação ("Instinto Selvagem 2") é muito fraca e não merece nem ser comparada!

* Gosto demais desse filme e ele é a VIGÉSIMA TERCEIRA imagem que compõe o título desse Blog.

7 comentários:

  1. Fala aí Marcel,
    Cara, esse filme é fantástico! Sharon Stone está uma Deusa! O enredo do filme é muito bom e com certeza é um dos filmes com cenas eróticas mais conhecidos da história, principalmente pela cena da "cruzada de pernas" da Sharon.
    Outros filmes na mesma linha podem ser conferidos também: Lua de Fel e 9 e 1/2 Semanas de amor, são ótimos.
    Mas, bater Sharon Stone.....é difícil mesmo.
    Abraço e ótima sexta feira pra ti.

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  2. Putz, Marcel! Não me lembro exatamente o motivo, mas pensei nesse filme ontem.

    É uma surpreendente mistura de erotismo e suspense, que prende o telespectador desde a primeira cena! Me lembro que na ocasião do lançamento em VHS precisei me inscrever em uma fila na locadora, tamanha a procura pelo filme; e usando o nome da minha mãe porque o sujeito não alugava a fita para menores...

    Um marco na história do cinema; um salto revolucionário contra a censura, uma vez que trata-se de uma carga forte de erotismo em um filme que não foi categorizado como erótico, pegando de surpresa os 'cine-puritanos'. Tomando ainda o teu post de ontem, mais uma excelente atuação de M. Douglas, talvez em um personagem mais típico seu; além do lançamento arrebatador de Sharon Stone e sua cruzada de pernas histórica.

    Instinto Selvagem 2, no meu ponto de vista, trouxe uma proposta diferente: relançar Sharon Stone, no que foi infeliz. Talvez, se essa sequencia não tivesse um espaçamento tão grande, as possibilidades de sucesso fossem maiores, pois haveria alguma fidelidade de um público em busca de uma 'continuação'.

    Fui! Beijo!!!

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  3. William, bem lembrado sobre "Lua de Fel" e "9 e 1/2 semanas de amor"... enquanto o primeiro, de Roman Polanski discute uma paixão excêntrica entre um casal que coloca uma outra pessoa de fora, dentro da estranha relação, o segundo também teve a intensão de abrir portas para uma nova diva, no caso Kim Basinger... mas priorizou mais a sensualidade das cenas do propriamente a história. Entre esse dois, ainda fico com o IMPACTO de "Instinto Selvagem" e da arrebatadora Sharon Stone, apesar de gostar muito do debate que "Lua de Fel" provoca.

    Barbara, então ou eu você estamos sendo meio telepatas... rs. Adoro esse filme aqui, e de fato o erotismo é só um grande elemento que nos provoca no filme, mas é mesmo o inteligente suspense da trama com as cenas quase explícitas de Verhorven que nos coloca hipnotizados! Lembro tb que não pude alugar o filme por não ter ainda 18 anos na época, e "Instinto Selvagem" estava na prateleira dos seletos filmes proibidos para menores, rs. Lembro de terem depois feito uma versão com CORTES, que facilitava os adolescentes de verem o filme... mas a versão "unrated" era MIL VEZES melhor por justamente causar mais impacto e nos inserir de forma relevante dentro da sordidez da trama. No cinema, ele realmente "chocou" os despreparados, hehe. E acho que foi bem isso que causou o fracasso de Instinto Selvagem 2... essa distância de mais de uma década pesou, e também porque a história era bem mais frágil, servindo como pretexto para se colocar algumas coisas forçadas e fora que o ator que colocaram com ela, não teve a mesma interação e sintonia que Douglas, que não quis fazer a continuação, por ter feito um tratamento para curar uma ninfomania que ele havia adquirido - e convenhamos, o filme só iria desandar todo o tratamento, rsrsrs. Então, tudo na continuação acabou sendo inferior, até Stone que parecia estar "sozinha" em cena.

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  4. Marcel, A famosa cena que marcou “Instinto Selvagem” e alçou Sharon Stone ao estrelato acontece ainda na primeira metade do filme, o que é bom, pois o espectador deixa de aguardar aquele momento e passa a se concentrar na narrativa. Nesta cena, apenas pela disposição dos personagens, Verhoeven cria uma incrível atmosfera de tensão e erotismo, com Catherine no centro da sala cercada de homens ávidos por uma confissão, mas sempre firme e contundente em suas respostas, que invariavelmente deixam estes mesmos homens desconcertados.
    Na medida em que as perguntas acontecem, o espectador sente o nervosismo crescente dos policiais, inconformados com a frieza daquela mulher. E então, repentinamente, ela cruza as pernas, deixando marmanjos eufóricos e os investigadores literalmente sem rumo, algo que o diretor capta com precisão através de um close rápido na reação deles.
    Desde então, fica evidente que a espontânea e astuta Catherine sabe muito bem utilizar a sensualidade a seu favor. Sempre insinuante e sensual, Sharon Stone oferece um desempenho eficiente, olhando diretamente nos olhos das pessoas e falando com muita firmeza, além de dizer palavrões e frases que os homens não esperam ouvir com tanta freqüência da boca de uma mulher (“Gostava dele?”, pergunta Nick e ela responde “Gostava de transar com ele”).
    Enfim, adorei esse filme e vc fez mais uma ótima escolha.
    Abraços e ótimo final de semana.

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  5. Nossa faz tempo que vi esse filme! Lendo o que vc escreveu deu uma vontade imensa de ver de novo! Amo os clássicos do cinema, lembro até dessa cena dela cruzando as pernas qnd a globo passava nos comerciais dos filmes que iam passar no ano.

    Tenho que dizer, Sharon é uma Deusa! Nossa senhora! As mulheres hj em dia só pensam em ficar anoréxicas marias palito >.<

    Tem que ter carne gente! kkkkk

    Até hj ñ vi um filme mais picante que A última ceia, parece um pornô com atores de Hollywood (Halle Berry e Bob Thornton), se ñ viu, confira! É brutal!!!

    Tb fiz um post sobre um filme lá na Dois e Meio.

    Abraço Marcel!

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  6. Rapaz acredita que ainda não assisti esse filme? Vou ter que assistir né? É indispensável!!!

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  7. Caramba, Laura... boa análise também á respeito do filme!!! Muito bom mesmo, deu até uma complementada no post! Essa personalidade de Ctaherine Tramell fica evidente desde os primeiros minutos em que os policiais a interrogam, e esse diálogo que vc destacou só revela ainda mais sua frieza, seu domínio e a condição de controle que ela tem sobre ela mesma e, gradativamente, aos outros que a cercam.

    Phael, eu tb vi "A Última Ceia", e de fato, tem muitas cenas eróticas... e bem pesadinhas... embora, o filme não mexeu comigo por ter uma história que não me envolveu tanto.

    E André... veja correndo esse filme!! Vc irá gostar!

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