Navegando pela internet em sites para downloads de filmes, deparei-me com um link de um clássico do gênero policial, que não só se tornou uma obra cultuada na época que foi lançado até os dias de hoje, como para muitos, foi o filme responsável pela revolução na linguagem dos filmes policiais... um verdadeiro divisor de águas. Estou falando de "Dirty Harry"! Ou, Perseguidor Implacável, título que ganhou aqui no Brasil, e que se tornou rapidamente num clássico que REVOLUCIONOU um gênero!!!
Se antes, em meados de 40, 50 e 60, o cinema americano estava acostumado com bravos heróis puros como os guerreiros valentes, piratas destemidos e cowboys corajosos, foi na década de 70 que Hollywood começou a experimentar os anti-heróis; indivíduos que mesmo dispostos a enfrentar o mau e determinados a acabar com os bandidos, não abriam mão de seus métodos pessoais para acertar as contas com o crime - mesmo que para isso, eles tivessem que torturar violentamente algum informante, quebrar os dentes de alguma autoridade ou até mesmo dar uns bons tabefes em mocinhas bonitas. Personagens como Frank Bullet (Steve McQueen), Paul Kersey (Charles Bronson) e até mesmo Michael Corleone (Al Pacino) faziam a Justiça valer à seus modos! Mas nenhum personagem resumiu tão bem a forma fria e violenta como o marcante policial Harry Callahan, feito por Clint Eastwood. Mais conhecido por "Dirty Harry", o "sujo" Harry" (apelido que outros tiras o deram pelas suas ações nada convencionais contra a bandidagem), o Inspetor de São Francisco sisudo e calado, sempre preferia atirar primeiro para perguntar depois. Inclusive, até desconfio que a poderosa Magnum .44, revolver com alto poder de fogo capaz de abrir uma cabeça, só foi difundida pelo mundo à fora, por causa desse personagem tão icônico.
Mas não se enganem! O filme não é só violência, sangue e tiros... aliás, se for compará-lo com os atuais filmecos de ação, ele perde feio em matéria de cenas sanguinolentas. O que Perseguidor Implacável tem de tão bom é justamente a narrativa da história e a abrangência gradativa com que o roteiro vai expondo seu personagem central. Dirty Harry não é um robô indestrutível da Lei que sai pelas ruas matando. É apenas um policial que observa seu caso se diluindo com a burocracia lenta e cheia de incoerências das autoridades e testemunha cada vez mais o seu principal suspeito escapando impunemente para cometer mais assassinatos, devido os erros constantes gerados pelo interesse do poder público e pela sociedade hipócrita que firma seus tolos argumentos para proteger os que estão à margem da Lei.
Há um diálogo excelente entre Dirty Harry e um promotor público que exemplifica bem essa imbecilidade que, às vezes, inutiliza uma ação policial: "Sem provas não podemos prender ninguém! E além do mais, os Direitos Humanos quer proteger esse homem!" (diz o promotor para Harry). "Eu não pude colher provas porque ele tinha um prazo pra matar a garota! E o que os Direitos Humanos fará agora com a menina encontrada nua e rasgada dentro de um buraco que esse pulha matou?". Enfim, Clint Eastwood está ótimo como Dirty Harry, mas merece destaque também o ator Andrew Robinson que faz o serial killer chamado de Scorpio.
Embora um tanto maniqueísta, o roteiro apresenta bons e diretos diálogos. Há quem ainda acuse Perseguidor Implacável de ser fascista, mas não é de se estranhar que quando o crime chega a um patamar tão consistente e emergencial, seja onde for, policiais precisem agir logo! E não defendo aqui a Justiça com as próprias mãos, mas defendo simplesmente a vontade enérgica e também emergencial de alguém que precise resolver logo as coisas. E se autoridades, governantes e qualquer outro tipo de supremacia burocrática esteja inerte e se perdendo em seu próprio novelo de conceitos e teorias, é normal que haja pessoas que comecem querer logo a prática... e Harry Callahan é apenas mais um símbolo disso. Muitas vezes, e em sua maioria, mal compreendido.
Uma curiosidade: Os assassinatos do vilão do filme, foram inspirados no serial killer que existiu de verdade e que atacou São Francisco na década de 60, ocasionando o famoso caso do Assassino do Horóscopo, uma história que foi levada às telas com mais detalhes no filme Zodíaco, de 2007.
Ps: A música de Lalo Shifrin completa essa pérola policial de maneira perfeita.
Eu assisti esse filme várias vezes no SuperCine, mas ultimamente tenho na memória mais a referencia que inspirou Zodíaco.
ResponderExcluirValeu Marcel
Eu assisti esse filme faz tempo, em 'mil-novecentos-e-minha-avó'. De fato não me lembro de nada da história; sei que assisti porque você destacou aqui o título original, caso contrário nem teria me dado conta.
ResponderExcluirVou tentar rever, pois é o tipo de filme que me prende e tua resenha despertou curiosidade.
Até!
SUPREMO!!! "Make My Day, Punk!"
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