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sexta-feira, 11 de março de 2011

O Mágico de Oz


Desde muito pequeno, eu não cansava de ver e rever as (des)venturas da menina Dorothy Gale que vai parar num estranho mundo onde precisa seguir uma estrada de tijolos amarelos e que no meio do caminho acaba fazendo amizade com seres estranhos como um espantalho, um homem de lata e um leão. Fora isso, a menina acompanhada de seu fiel cachorrinho Totó, precisa enfrentar a Bruxa do Oeste, uma feiticeira má que roubou o cérebro do Espantalho, o coração do Homem de Lata e a Coragem do Leão, e que agora tem propósitos bem escusos para o encantado Reino de Oz.

Misture à essa inventiva e curiosa trama, personagens altamente carismáticos, efeitos inovadores e marcantes pra época (estamos falando de um filme de 1939!), um universo tão rico em elementos infantis quanto adultos (em suas rápidas metáforas sociais) e canções inesquecíveis, como "Somewhere Over the Rainbow", que tornou-se quase um hino para as crianças dormirem, rs.

Um filme que possui lirismo, surrealismo, emoção, drama, tensão e uma pitada de originalidade que marcou a História do Cinema! E se não bastasse, a mega-produção foi dirigida de maneira emblemática pelo cineasta Victor Fleming, o mesmo de um outro clássico chamado "...E o Vento Levou".

Como tudo começou...

Lyman Frank Baum publicou seu livro O Mágico de Oz (The Wonderful Wizard of Oz) em 1900. Nos anos seguintes foram vendidas milhões de cópias, e Baum escreveu mais treze livros sobre Oz antes de sua morte em 15 de maio de 1919.

Em janeiro de 1938, o grande Estúdio Cinematográfico MGM comprou os direitos de adaptação sobre o livro. O roteiro estava pronto em 8 de outubro de 1938 (após vários tratamentos). As filmagens começaram em 13 de outubro do mesmo ano e foram concluídas em 16 de março de 1939. O filme teve sua pré-estréia no dia 12 de agosto de 1939, e em 25 de agosto daquele mesmo ano, entrou definitivamente em cartaz tornando-se um dos maiores sucessos do Cinema.

O Elenco...

A escolha do elenco para o filme foi problemática, com atores trocando de papéis repetidamente no começo das filmagens. Uma das principais trocas ocorreu com o personagem Tin Woodsman. Ray Bolger originalmente interpretaria Tin Woodsman e Buddy Ebsen seria o Espantalho. Bolger estava insatisfeito com seu papel e convenceu o produtor Mervyn LeRoy a reescalá-lo como o Espantalho. No início Ebsen não reclamou da mudança, mas nove dias depois de iniciadas as filmagens ele sofreu uma reação alérgica à maquiagem à base de alumínio. Conseqüentemente, Ebsen (agora em estado grave) teve que ser hospitalizado e deixou o projeto. Jack Haley assumiu o papel no dia seguinte. Desta vez a maquiagem usada foi modificada para uma pasta à base de alumínio. Ironicamente, apesar do seu acidente quase fatal com a maquiagem, Ebsen viveu mais tempo que todos os atores principais.

O papel de Dorothy foi dado a Judy Garland no dia 24 de fevereiro de 1938. Depois de escalada, alguns executivos da MGM cogitaram trocá-la por Shirley Temple, mas não conseguiram a liberação da jovem atriz pela Fox. Então, outros executivos da MGM vetaram a idéia.

Interessantemente, a consideração de Temple para o papel de Dorothy impulsionou a Fox à produção de um filme que eles próprios desconheciam. Conhecendo bem o projeto de O Mágico de Oz, eles não apenas negaram a liberação de Temple para a MGM mas decidiram escalá-la num filme "rival", O Pássaro Azul (no original, The Blue Bird). Graças à complexidade dessa produção da Fox e à decisão de filmá-lo repentinamente, O Mágico de Oz chegou aos cinemas americanos um ano antes de O Pássaro Azul. E enquanto a produção da MGM conseguiu uma boa arrecadação, O Pássaro Azul não o fez.

Originalmente, Gale Sondergaard foi escalada para o papel da bruxa vilã. Ela ficou insatisfeita quando sua personagem deixou de ser uma feiticeira levemente glamourosa e tornou-se uma feia bruxa. Ela largou o projeto e foi substituída em 10 de outubro de 1938 por Margaret Hamilton.

Em 25 de julho de 1938, Bert Lahr foi contratado para viver o Leão Covarde. Frank Morgan juntou-se ao elenco em 22 de setembro de 1938 como o Mágico. 12 de agosto de 1938 foi o dia em que Charley Grapewin foi escalado para o papel do Tio Henry.

As canções foram gravadas num estúdio antes do início das filmagens. Algumas das gravações foram concluídas enquanto Buddy Ebsen ainda estava no elenco. Então, mesmo tendo abandonado o projeto, sua voz permaneceu no coro de "We're off to See the Wizard". É fácil identificá-lo.

Dirigido por Richard Thorpe, o filme começou a ser rodado em 13 de outubro de 1938. Thorpe foi demitido após algumas cenas já terem sido gravadas, e George Cukor assumiu a função. Ele mudou a maquiagem e o figurino de Judy Garland e Margaret Hamilton, isso significou que todas as cenas das atrizes precisariam ser novamente filmadas. Porém Cukor tinha um compromisso anterior com o filme ...E o Vento Levou (Gone with the Wind), e deixou o projeto no dia 3 de novembro de 1938, deixando o cargo para Victor Fleming.

Ironicamente, no dia 12 de fevereiro de 1939, Victor Fleming substituiu George Cukor novamente, agora na direção de E o Vento Levou. No dia seguinte King Vidor assumiu a direção para terminar as filmagens (basicamente as cenas em preto-e-branco da fazenda no Kansas).

Polêmica...

Em 1964, Henry M. Littlefield foi a primeira pessoa a declarar que "O Maravilhoso Feiticeiro de Oz" não era apenas um livro infantil, mas sim uma alegoria ao Movimento Populista ocorrido nos Estados Unidos da América no fim do século 19. Littlefield publicou um artigo chamado "The Wizard of Oz: Parable on Populism." no diário estadonidense chamado "American Quaterly." Desde então, a teoria da relação do livro com o Partido Populista (Populist Party) vem sendo ensinada nas escolas e faculdades estado-unidenses.

Além de Henry M. Littlefield, muitos outros especialistas em política e história estado-unidenses dizem que o livro é muito mais do que um conto infantil, afirmando que Lyman Frank Baum era um seguidor do Partido Populista, e que esse autor usou o livro para defender o principal ideal desse partido, que era introduzir a prata como moeda de circulação no país, quebrando a hegemonia do ouro - ouro este que era escasso e estava quase que completamente sob o domínio dos donos das indústrias, que, por sua vez, eram na maioria membros do Partido Republicano.

Existem inúmeras interpretações para o que Lyman Frank Baum demonstra com o livro, entre as interpretações mais comuns estão que Dorothy é do estado de Kansas, pois na época era um estado completamente rural onde o Partido Populista era forte, devido a presença de muitos fazendeiros. No livro, Dorothy usa sapatos prateados, que siginificam a prata pisando no ouro, já que toda a estrada era feita de tijolos dourados.

O Espantalho representa a figura comum de um fazendeiro estado-unidense, que é considerado "sem cérebro" pelas elites industriais mas mesmo assim consegue ajudar a solucionar problemas que surgiram durante a jornada do livro.

O Homem-Lata representa o trabalhador das indústrias do nordeste dos Estados Unidos da América, pessoas exploradas por ricos empresários, que já não tem mais sentimentos e não fazem nada na vida além de trabalhar para ganhar pouco.

O exército de macacos comandado pela Bruxa do Oeste representa os nativos e índios da América do Norte. Em vários trechos do livro podem ser encontradas falas dos macacos onde os mesmos dizem que antes da chegada do homem, eles viviam num reino de paz, sem ter que trabalhar nem servir a ninguém.

E finalmente, o Leão representa o maior nome do Partido Populista, William Jennings Bryan. Um homem muito bom em falar em público, convencendo e persuadindo pessoas sobre a suas idéias, mas que na hora das eleições nunca provou ser realmente forte como parecia. Bryan concorreu a presidência cinco vezes consecutivas e não venceu nenhuma delas.

Curiosidades...

  • O castelo onde a Bruxa do Oeste mora, foi refeito pelo menos umas sete vezes! Tudo porquê Fleming não tinha espaço para filmar em seu interior e ele precisava que suas câmeras se locomovessem dentro do cenário... outro motivo é que duas vezes, o cenário pegou fogo devido aos fios elétricos que raspavam um no outro no interior do castelo.
  • O Espantalho e o Homem de Lata são os personagens que as crianças mais gostam... por algum motivo, o Leão que deveria ser o "líder" da trupe conforme o desenvolvimento da história, não conseguiu tanta simpatia infantil devido a maquiagem e o rosto do ator Bert Lahr assustar um pouco!
  • Judy Garland teve que decorar mais de 10 canções em menos de uma semana... a atriz também teve aula de canto em menos de 1 mês e aprendeu sapateado em tempo recorde.
  • A atriz Margaret Hamilton, a Bruxa do Oeste, quebrou o pé numa das cenas onde precisou ser içada com a vassoura. Há uma cena em que se vê nitidamente que um dos sapatos dela está maior que o outro, devido ao gesso que ela já estava usando por dentro da sapatilha.
  • Talvez, uma das maiores e mais inesquecíveis curiosidades sobre o filme, é que o álbum "The Dark Side of The Moon", da clássica banda de Rock Progressivo Pink Floyd se colocada em sincronia com todo o filme, as suas faixas de música combinam exatamente com várias passagens de cenas e sequências... inclusive, diálogos dos personagens com as letras das cancões e momentos visuais que marcam o ritmo de algumas músicas. O feito foi tão surpreendente e comentado que a banda teve que se pronunciar alegando que tudo não passa de uma "coincidência". Mas o baixista e vocalista da banda Roger Waters revelou anos depois ser um grande admirador do filme, o que leva muitos fãs acreditarem na hipótese de que eles fizeram o álbum propositalmente sincronizado com o filme!

* Eu gosto demais e "O Mágico de Oz", fez parte de toda a minha infãncia e é a VIGÉSIMA SÉTIMA imagem que compõe o título do Blog.

8 comentários:

  1. Um filme mágico com enredo sensacional. Como você citou, produção surpreendente para 1939.
    Lembro que quando pequena, na noite de Natal, ficava esperando porque a Globo reprisava todo ano. E a data dava um tom mais mágico ao filme.
    Apesar de ser fã, não conhecia todos esses detalhes que envolvem elenco e direção (somente a troca entre Cukor e Fleming, que praticamente revesaram entre os dois filmes); e tanta controvérsia, tantas alterações, só revelam ainda mais o empenho em produzir algo de qualidade.
    Um artigo completo sobre um filme perfeito. Adorei, Marcel!

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  2. Sim,muito mais que um post,é um artigo completo!
    Não consigo imaginar a Temple no papel de Dorothy,seria a mesma coisa de imaginar outra atriz para a Scarlett !
    As interpretações politicas,fazem sentido ,são coerentes,mas não há como saber se foi mesmo intencional,assim como o album de Pink Floyd como trilha sonora.
    O que é inegável,é que realmente se trata de uma obra-prima.
    Arrasou de novo,Marcel ^^
    beijos :)

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  3. CARA!
    SOU DOIDA PRA VER ESSE FILME MAS NUNCA CONSIGO!

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  4. Marcel, vc me fez lembrar do filme "Os Trapalhões e o Mágico de Oróz"
    Essa película, em especial, não pode ser comparada ao título da fita original, "o mágico de oz", mas revela uma face do nordeste ao Brasil que era desconhecida da grande maioria, o lado da desigualdade, da pobreza e da falta de esperança e assistência nesse povo castigado pela seca, pelo coronelismo e esquecido por todos. Como é até hoje. Assim como todos os filmes da trupe, esse manda um recado social muito mais apelativo, em virtude do início do fim da ditadura.

    Abraços meu amigo.

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  5. MARCELZÃO, VC É CRIANÇA IGUAL A IM, HAHAHAHAHA. Gosta de coisas infantis e sonha com coisas que alguns amigos chatos nem ligam mais, hahahaha. Belo post!

    Atualizei, passa lá!

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  6. poo muito bomm mesmooooooo

    http://www.papodebuteco.log7.net/

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  7. gostei pra caramba,ele tinha tudo pra ser feliz mas mas a gente faz nossas escolhas e pagamos por ela
    http://cabelobeleza.com

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  8. own... nossa,amooo tanto esse filme! A mensagem dele é muito bonita.Amei as curiosidades! Amo tanto quanto A Noviça Rebelde,com Julie Andrews e Cristhoper Plumer.
    òtimo post!

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